Entrevista a Armando Ramos (Jornal do Olivais nº 264)


Campeões Nacionais do Olivais F. C. reunidos em Coimbra


A 29 de Outubro de 2008 recebemos, no Pavilhão do Olivais, a visita de um grupo de 22 antigos atletas.
Coronel das F. A. Armando Ramos, Damásio Tomé, Eng. Manuel Pego, Eng. António Ferreira e Eng. António Barreira, vivendo em Lisboa, dinamizaram um encontro/almoço entre os Campeões Nacionais de Infantis olivanenses de 1956/57 e 1961/62, com o apoio local de Carlos Franco.
Aproveitámos a altura para falar com alguns destes nossos sócios. Publicamos aqui um excerto de uma das conversa com o Coronel Armando Ramos (Campeão Nacional de Infantis de 56/57) e numa próxima ocasião outros se seguirão.

Jornal Olivais Coimbra: Como conseguiram ganhar se vocês são um bocado baixotes?
Cor. Armando Ramos: Na altura era tudo baixo. Não havia americanos por aí! As estatísticas dizem que os portugueses, nas últimas décadas, ganharam uns centímetros…

JOC: Mas conte-nos como ganharam?
C.AR: Ganhámos porque efectivamente éramos a melhor equipa daquele ano, treinados por um internacional desta casa, de quem pouco se fala, o Coronel Médico Dr. Fernando Alves Pereira, de alcunha Pita. Éramos de longe a melhor equipa que havia no país. Tanto assim que estivemos em risco de ganhar o Campeonato Nacional de Juniores do ano seguinte. Perdemos com o FC Porto por uma margem mínima no Porto.

JOC: Fizeram dois campeonatos?
C.AR: Fizemos um campeonato mas era uma equipa de tal maneira boa, que podia, com um pouco mais de esforço, ter ganho o Campeonato Nacional de Juniores.
Mas tínhamos ganho um título, como que não valia a pena mais esforço…

JOC: Quantas vezes por semana treinavam?
Treinávamos 3 vezes por semana. Ainda era o campo de asfalto. Apanhámos a transição do campo de terra para asfalto. Botas cheias de buracos, sem rastos...

JOC: Vocês eram rijos!?
C.AR: Havia um outro espírito de sacrifício, que não é como agora. Tomávamos banho de água fria… Os nossos pais, muitos deles não concordavam que jogássemos. Porque hoje aqui há ambiente, as pessoas vivem muito de perto o Olivais, o que é óptimo. Isto é mobilizador, tem o seu papel social que na altura não tinha, pelo que muitos dos nossos pais contrariavam-nos.. Era diferente!

JOC: E como eram as deslocações?
C.AR: Eram a coisa mais caricatas. Tivemos motoristas com carro próprio, mas não tinham carta. Quem nos conduzia era um mecânico que não tinha carta de condução, durante anos e anos… É interessante de analisar.

JOC: Havia um grande espírito de equipa?
C.AR: Sim, havia muita carolice. Aliás hoje também há! Sinto que há hoje uma dinâmica que não existia na altura. De facto arranjaram uma equipa de basquete feminino que marca posição no país. Nunca tivemos aqui no clube uma equipa em homens que marcasse tanto a nível do país, como a actual de senhoras. Congratulo-me muito de ter este Olivais, que é também o meu Olivais!

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